27 de abr. de 2011

Com carinho, a pedra no caminho.

Querido amor,


Eu quero ser sólida e você está sempre me furando, colocando sentimento onde não deveria. É que pedra quando fura, fica vulnerável e até uma pena pode derrubar sua estrutura, espalhando pelo chão, pedaços que demoram anos para serem erguidos. Mas como tudo na vida, pedra também pode um dia não ter mais forças para se recompor e vai ficar ali caída, sendo pisada, esmagada, esquecida. 
Sou pedra e já me bateu fraqueza para reconstruir. Não é medo, não é covardia. É só vontade de ser esquecida... Você, amor, é que esqueceu que pedra tem os maiores sentimentos e que na sua construção esqueceram mais uma vez da pequena e não fabricaram a parte em que ela mostra tudo o que fica guardado, tudo de tão bonito que é feito lá dentro.
Você querido amor, é que deveria já saber que pedra foi criada para ser expectadora e ficar pelas beiradas fazendo papel de figurante. Pedra não nasceu para ser coadjuvante ou atriz principal. Sua peça é magnífica, mas do que adianta todo o roteiro se a platéia está fazia? Eu como pedra, só vim avisar joguei a toalha e estou sentada na platéia vendo você trabalhar.
Acho bonito essa história de amor, acredito, mas se tenho uma certeza, é a de que ele não foi feito para mim. Com carinho, a pedra no caminho.

3 comentários:

  1. Linda carta para o amor... Cheia de sentimento e de dor... Parabéns pelas palavras e carinho que sente por esse sentimento tão sozinho... Parabéns! E estou seguindo!

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  2. Olá, desculpe invadir seu espaço assim sem avisar. Meu nome é Nayara e cheguei até vc através do Blog ponto final. Bom, tanta ousadia minha é para convidar vc pra seguir um blog do meu amigo Fabrício, que eu acho super interessante, a Narroterapia. Sabe como é, né? Quem escreve precisa de outro alguém do outro lado. Além disso, sinceramente gostei do seu comentário e do comentário de outras pessoas. A Narroterapia está se aprimorando, e com os comentários sinceros podemos nos nortear melhor. Divulgar não é tb nenhuma heresia, haja vista que no meio literário isso faz diferença na distribuição de um livro. Muitos autores divulgam seu trabalho até na televisão. Escrever é possível, divulgar é preciso! (rs) Dei uma linda no seu texto, vou continuar passando por aqui...rs


    Narroterapia:
    Uma terapia pra quem gosta de escrever. Assim é a narroterapia. São narrativas de fatos e sentimentos. Palavras sem nome, tímidas, nunca saíram de dentro, sempre morreram na garganta. Palavras com almas de puta que pelo menos enrubescem como as prostitutas de Doistoéviski, certamente um alívio para o pensamento, o mais arisco dos animais.

    Espero que vc aceite meu convite e siga meu blog, será um prazer ver seu rosto ali.
    http://narroterapia.blogspot.com/

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